As Sete Trombetas do Apocalipse

Por:Davi Duarte

Em tanta diferença dorme uma grande igualdade.
Que cultura seria melhor ou pior, que religião é a certa,
Será mesmo que possa eu escolher ou subjugar tudo isto?
Pensei, toda essa transformação de pensamentos é de fato evolução?

Vaguei pelas ruas e de tudo vi e apreendi.
E aos poucos analisei e compreendi o que se passa.
Há tempos o Homo perdeu sua sapiência, e agora só lhe resta à soberba.
Ainda achando que é sapiens se perdeu em sua própria diversidade de pensamentos.
Em pensar que toda essa diversidade gera culturas, tecnologias e Guerras.

Sangue, armas, dor, sofrimento mais acima de tudo soberba.
Pensamos tanto que pensar se torna um veneno para os que o poder tem.
Guerras já foram feitas por Deus, por capital e por loucuras.

Tanto tento entender, mas mais confuso fico.
Deveríamos ter evoluído, mas parece que só as armas que o fizeram.
Agora temos um pouco do poder de Deus.
Apertamos um botão e toda uma cidade some ao clarão divino.

E tudo isso porque tentei compreender e não consegui fazer.
Sua cor é diferente, sua língua é diferente, você é menos avançado.
Mas sou bondoso e te ajudarei a melhorar.
Deus é o caminho e a civilização está em meu país.

E entre conflitos e guerras a Democracia jaz na “America”.
E entre conflitos e guerras o mundo evolui.
E entre conflitos e guerras pessoas morrem.

Triste, de fato.
Mas necessário para o mundo.
Sempre tem que haver um mais forte, alguém que dê ordem ao caos.
E a ordem está aqui em meu país.

É agora vejo,
Tanto tentei entender, mas mais confuso fiquei.

Published in: on 31 de janeiro de 2011 at 21:18  Deixe um comentário  

Educação cesariana

Por: Daniel Cavalcanti

 

Não sei em que lata enquadrar-me-iam nesse mundo de rótulos sociais.

Não me sinto compatível com os atuais padrões sociais – de baixíssimos níveis – que foram grosseiramente implantados na minha pequena cidade.

Tive recentemente um jantar com a mais alta da alta burguesia da Paraíba. Belos carros importados, crucifixos de ouro maciço e camisas de seiscentos reais eram objetos comuns.

Fácil notar que ao contrário do que dizem os ‘ricos’ a educação é cada vez mais uma escolha, não um privilégio social.

Vi homens aparentemente milionários cuspirem no chão como quem o ignora, cigarros voaram como pássaros alados ao lado de intermináveis palavras de esnobação e bondade.

Algumas grosserias com o manobrista, um riso sarcástico e um gole no vinho. Tudo o que é necessário para uma vida feliz.

Meu maior sentimento? Pena.

Tenho certeza que todos ali tiveram uma boa educação e ao menos sabiam por alto as regras básicas de um bom convívio.

Mas como ama o homem adúltero o adultério.

Sem justificativa real, vivem a esnobar sua falta de educação, achando que humilham quando são inevitavelmente humilhados.

Rezarei por eles.

Published in: on 11 de janeiro de 2011 at 14:06  Deixe um comentário  

Ventos do leste

Por: Daniel Cavalcanti

Quando temos o poder, costumamos temer que o poder dos outros cresça e de tal forma possam nos desafiar.

Tal raciocínio dedico à política externa americana relativa à energia nuclear. O que há de tão misterioso?
Eles possuem a tecnologia das bombas; fazem bombas. Quem mais possuir a mesma, pode fazê-las também.

Onde está a ‘liberdade’ do sistema neoliberal falido deles? Nas sanções comerciais ao Irã talvez.

O mundo cala-se de medo quando deveria impor sua condição natural de mundo, e, peitar o EUA de todas as formas que a humanidade sabe fazer. Mas, por medo das ogivas ficamos ‘chupando dedo’ enquanto o mundo se faz americano.

Façam suas armas! Se meia dúzia de países podem, todos podemos.
Nenhuma novidade ou injustiça cometeremos ao produzir armas tão boas quanto as deles, apenas estaremos nivelando ao’ padrão do norte’.

Perigoso. Dirão muitos. ‘De tal forma deixaríamos armas de alto poder na mão de terroristas – leia Ahmadinejad.

Tão terrorista quanto qualquer outro é o governo americano, capaz de invadir países sem propósitos reais e matar homens comuns acusando-os de terrorismo, digo mais: sanções são sim uma forma de terrorismo.
Impor ao mundo que rompa uma relação em prol de uma opinião é ridículo como uma criança que diz ‘não fale mais com ele’.

A justiça deve ser feita na terra dos homens. Coragem e vergonha fazem falta no mundo.

Published in: on 5 de janeiro de 2011 at 12:39  Deixe um comentário  

Insônia

Por: Davi Duarte

Aqui deitado com milhões de pensamentos passando por minha mente,
Como um fio de alta tensão aonde a energia vai e volta.
Milhões de coisas vêm a mim, mas nada permanece por muito tempo.
São pensamentos!
Enquanto permanecem em mim o faz solenemente.

Acredito que nesta noite pensei em todo mundo e em como todo mundo não pensa,
Ou ao menos não pensa em mim.
Não estou pedindo retribuição, mas ao menos um pensamento.
Um pensamento que te deixe feliz por que alguém já pensou em você.
Somos todos irmãos e infelizmente ninguém sabe disso.

Um pensamento felino me encurralou no muro que cerca meu ser,
O muro não limita meu pensamento só me protege de outros.
Penso na casa que vejo pelos ladrilhos do muro,
A casa onde residem meus pensamentos, ela é simples, mas é uma casa.
Muitos desejariam uma melhor e eu só quero uma que me abrigue.

Este desejo de coisas maiores ou melhores me remeteram a outro pensamento.
Andando pela rua vi um jovem e seu irmão a segurar uma mala de engraxar,
O mais velho deveria ter no Maximo 11 anos e o mais novo 8 anos.
Parei um pouco para falar com eles e fiquei pasmo ao vê o quanto eu era feliz.
Triste, muito triste.
Trabalhavam seis horas por dia e eu que reclamo de duas horas de estudo.

Onde esta a humanidade da humanidade?
Procurei entre meus pensamentos e conclui que não a acharia.
Uma mulher passa com sua filha no braço no sol de meio dia.
E mesmo assim ela sorrir, ainda sim tem espaço para felicidade.
E por favor, me digam onde está a Humanidade!

Published in: on 15 de dezembro de 2010 at 17:06  Comments (1)  

“Cortina de Burrice”

Por: Davi Duarte

 

Aproveitando os “investimentos” de Segurança no Rio de Janeiro vou postar um texto sobre educação. Temos que lembrar que armas não podem educar e unicamente punir. Sem uma ‘tsunami’ de investimentos na área social no Complexo do Alemão e Vila Cruzeiro logo os mesmos se tornarão novamente redutos de traficantes. Esse texto tem o intuito de mostrar toda a área social brasileira. Projetos educacionais sem função prática nem uma e o que gera o que ele coloca como “cortina de burrice”.

Da cortina de ferro à cortina de burrice
Mario Guerreiro

Como se sabe, Winston Churchill – logo após a Segunda Guerra e começo da Guerra Fria – foi o criador da expressão iron curtain (cortina de ferro) com o intuito de denominar a muralha espessa e indevassável que separava o bloco comunista do bloco capitalista. Era a época de bipolaridade.
A coisa era muito mais forte do que uma política externa isolacionista, porque esta se caracteriza por um desejo de neutralidade em relação a conflitos internacionais, mas não por um fechamento de uma nação em suas relações culturais com outras nações.
Isolacionistas foram a Suécia, a Suíça e os Estados Unidos. Sabe-se que este último – diferentemente dos dois primeiros que sempre mantiveram sua neutralidade – relutou bastante tempo antes de se envolver tanto na Primeira como na Segunda Guerra. Os EEUU consideravam ser um problema europeu a ser resolvido por países europeus, até os momentos em que se viram forçados a entrar nas duas Guerras.
A cortina de ferro era o desejo concretizado de um isolamento total do exterior, de tal modo que os habitantes da União Soviética não podiam sair do país e estrangeiros não podiam entrar, salvo raras exceções, com permissão explícita do Estado soviético. Aliás, para viajar de uma cidade a outra na própria URSS, era exigida uma espécie de visto fornecida pelas autoridades do Estado.
Mais que isso: a cortina de ferro era uma filtragem das informações recebidas do exterior e enviadas para o exterior. Era uma espécie de gafieira em que quem está fora não entra e quem está dentro não sai, de acordo com o antigo samba, com a diferença de que ninguém achava aquilo prazeroso.
Tudo isso, porque os dirigentes do Politburo não queriam, de nenhum modo, que os habitantes da URSS entrassem em contato com o que estava acontecendo no mundo ocidental pós-Segunda Guerra e fizessem indesejáveis comparações com o nível de vida, hoje diríamos o IDH, de países da Europa e dos Estados Unidos.
No governo de Brejnev, esse rígido controle da mobilidade social e da informação internacional começou a se enfraquecer. Há quem pense mesmo que a penetração da mídia estrangeira e a inevitável comparação de níveis de vida, foram os fatores decisivos da Queda do Muro de Berlim em 1989 e do esfacelamento da União Soviética em 1991.
Marshall MacLuhan sintetizou isso dizendo que as imagens da TV foram a causa da dissolução do comunismo soviético. Um pouco de exagero, mas com um fumo de verdade.
Mas antes muito antes disso, sabe-se que o iniciador do processo de desestalinização, o Primeiro-Ministro Nikita Khrushev, fez uma visita aos Estados Unidos e foi levado à Disneylândia na Califórnia.
A mídia americana mostrou o sisudo russo divertindo-se pra valer, brincando em todos os brinquedos, maravilhado como se fosse uma criança num paraíso lúdico…
E isto é apenas uma entre muitas outras evidências do fascínio que o American way of life tão detratado pelo Pravda – (em russo: A Verdade), jornal oficial e único da URSS – despertava nos cidadãos soviéticos.
Cláudio de Moura Castro, em Veja (17/11/2010), afirma que, apesar da eficiência do sistema de controle soviético – que só começou a apresentar falhas no governo Brejnev, no Brasil foi criado um sistema muito mais eficiente, mediante a adoção de um método diferente. Diz o referido economista especializado em educação:
“Os governantes brasileiros fizeram muito melhor. Abriram tudo, viaja-se à vontade. Mas não cometeram o erro dos russos [que forneceram educação superior gratuita e de boa qualidade a toda a população]. A garantia do isolamento do país está em educação de péssima qualidade e a conta-gotas. Assim nasceu uma Cortina de Burrice, muito mais eficaz, pois somos um país isolado do resto do mundo.”
Todo e qualquer indivíduo, a menos que esteja nos limites da oligofrenia ou caracterize-se como um perfeito apedeuta, já deve ter desconfiado disso de que fala o articulista de Veja.
Como professor universitário há mais de 25 anos, sou levado a concordar inteiramente com aquela asserção de Roberto Campos, feita na década de 80, frequentemente citada por mim: “No Brasil, a burrice tem um passado glorioso e um futuro promissor”. E parece que estamos fadados a esse triste fado. ENEM que a vaca tussa, dificilmente deixaremos de cumprir nosso esplendoroso destino.
Não só a burrice, que se caracteriza por falta de inteligência e discernimento racional, mas também a ignorância caracterizada por falta de informação e formação. Mas a verdade, a dolorosa verdade histórica é que “subdesenvolvimento não se improvisa: é obra de séculos” (Nelson Rodrigues).
Nossas burrice e ignorância nacionais, isto para não falar em nossa notória falta de senso moral, possuem uma longa história – basta dizer que só passamos a editar livros no século XIX e a ter uma universidade no século XX, quando países mais pobres da América Latina já editavam e possuíam universidades séculos antes de nós! What a shame!
Contudo, nas últimas décadas esse quadro se agravou exponencialmente. Cláudio fala de uma experiência pessoal com estudantes universitários: “Há pouco, em uma universidade de elite pedi que levantassem as mãos os que confortavelmente liam inglês. Não vi nem um quinto do auditório. Eis a Cortina de Burrice em ação”.
Mas, ao mesmo tempo, tramita no Congresso Nacional uma lei ampliando os curriculi do segundo grau.
Ao invés de tomar medidas eficazes quanto ao desconhecimento de uma língua extremamente útil – tão globalizada hoje quanto o latim na Idade Média – oferecem línguas absolutamente inúteis, ensinadas por muito poucos e aprendidas por menos ainda, tais como o insaudoso tupi do Brasil colonial e a fracassado “idioma universal” de Zamenhof: o esperanto, língua artificial falada por meia dúzia de exóticos gatos pingados espalhados pelos quatro cantos do mundo. Mas o Basic English de Richards nossos educadores parecem desconhecer.
O que é tudo isso, senão ecos de profunda ignorância aliada à mentalidade treceiromundista e a um agressivo e ressentido antiamericanismo! (Vide a este respeito: Jean-François Revel: O Antiamericanismo , Rio de Janeiro, Editora da UniverCidade).
“Os europeus passaram do bilingüismo para o trilinguismo. Na Islândia são quatro idiomas. E o nosso controlador de vôo não sabia  inglês” – coisa que não faria a mínima diferença no caso de um entregador de pizza, mas que no ofício em pauta resultou na morte de centenas de pessoas!
“Nossas universidades estão fora da lista das melhores [Ou seja: estão na lista das piores dos 20 países de maior PIB], resultado da Cortina de Burrice, pois perdem pontos nos quesitos de internacionalização. Nas européias muitos cursos são oferecidos em inglês”.
É escusado dizer que essa precariedade de conhecimento, associada a uma pouco freqüente aeróbica dos neurônios, não afetam somente a cultura e a mentalidade dominante no País dos Coitadinhos, mas também nosso desenvolvimento socioeconômico.
“O resultado de nosso isolamento é uma indústria provinciana que não toma conhecimento dos avanços alhures [com as possíveis exceções da indústria dos cosméticos e da “indústria das indenizações”, sinais inequívocos da futilidade e da Lei de Gerson campeando]. Há esforços heróicos, como uma construtora brasileira que comprou uma empresa no Canadá, para mandar estagiar seus engenheiros. Assim veriam como se constrói lá. Mas é uma exceção.”
Recentemente, um canal de TV brasileiro mostrou como, no boom das construções de edifícios de apartamentos na cidade de São Paulo, a quantidade de novos prédios é muito superior à qualidade do acabamento dos mesmos. Péssima qualificação da mão-de-obra? Ausência de bons cronogramas? Açodamento irresponsável das construtoras? Creio que tudo isso mais alguma coisa. Mas Cláudio prossegue:
“Ao lermos as descrições feitas por viajantes estrangeiros que passaram pelo Brasil, constatamos o primitivismo da nossa sociedade. Se  a corte permanecia tosca, a interiorização estava ainda mais distante do progresso social acumulado pela Europa em 2000 anos. Progredimos muito desde então.Mas as cicatrizes do atraso estão por todos os lados”.
É verdade. Para o espanto de muita gente letrada e bem informada, o Brasil foi o país que mais progrediu desde seu nascimento como nação soberana em 1822. Estudos históricos de caráter social e macroeconômico mostram isto claramente.
Mas em pesquisas envolvendo longos períodos de tempo, é preciso levar em consideração as condições de onde se partiu para as de onde se chegou. Para quem morava numa casa de papelão debaixo de um viaduto e passou a morar numa casinha de tijolos numa favela, há um inegável progresso, ainda que muita melhoria seja desejável. Pra ficar ruim, ainda tem que melhorar muito!
Além disso, o que chama mais a atenção é o caráter desigual, fortemente contrastante e paradoxal do desenvolvimento socioeconômico brasileiro. Temos grandes bolsões de pobreza contrastando com regiões extremamente prósperas.
E podemos encontrar isso na comparação entre Estados da Federação. Num dos extremos, temos São Paulo, exemplo de um Brasil que deu certo. E noutro, temos o Maranhão, exemplo de um Brasil que deu errado. Assim são os diferentes “Brasis” de Gilberto Freire.
Podemos encontrar isso até mesmo dentro de num mesmo Estado da Federação, como Minas Gerais, onde deparamos com a prosperidade do Triângulo Mineiro fazendo fronteira com o norte de São Paulo e com a miserabilidade do Vale do Jequitinhonha e do norte do Estado em sua fronteira com a Bahia.
Isto se chama desenvolvimento regional desigual e fortemente contrastante. Como se costuma dizer: “O mineiro é um baiano cansado” (porque  se deteve em sua caminhada para São Paulo quando da migração nos tempos coloniais).
As cicatrizes de que fala Cláudio foram deixadas em parte por causa dos referidos contrastes. Daí, paradoxos aparentemente inexplicáveis, porém de fácil explicação. Por exemplo: temos a mais avançada odontologia do mundo em que se destaca a Faculdade de Bauru (SP) e, ao mesmo tempo, o maior número de desdendatos do mundo.
Temos um espantoso número de faculdades de direito e formamos não menor número de bacharéis, mas como para exercer a profissão de advogado é preciso passar nas provas da OAB, estas mesmas geralmente reprovam muito mais da metade dos candidatos em todos os Estados da Federação.
E salvo engano meu, a OAB é a única entidade de categoria profissional a exigir concurso para a obtenção de licença para o exercício da profissão.
O número de editoras e de publicações aumentou consideravelmente nas últimas décadas, mas o povo lê muito pouco e o pouco que lê é de questionável qualidade. Muitos estudantes universitários só lêem por obrigação imposta por seus professores, mas quando saem das faculdades com seus canudos de papel nunca mais abrem um livro. E ainda alardeiam isso com orgulho, como o de quem se livrou de um atávico vício!
Finalmente, nos concursos para funcionários de limpeza urbana – para não usar expressões politicamente incorretas, como lixeiros e garis – é exigido segundo grau completo, porque é preciso fazer uma seleção acurada, uma vez que a procura é muitas vezes superior à oferta de vagas.  E tem gente até com mestrado e doutorado entre os candidatos, porque conseguir um emprego está muito difícil nestes tempos bicudos.
Mas, na eleição para deputado federal, o candidato a candidato pode ser analfabeto funcional ou analfabeto tout court, basta apenas ser jeitoso para burlar a Justiça Eleitoral. O caso Tiririca está aí mesmo, com seus 1.300.000 votos, só para não me deixar mentir…
É uma lei férrea e inexorável: um país de eleitores, quando muito semiletrados, só pode mesmo ter representantes da mesma espécie. Brasil, um país de todos (ou de tolos?).

Published in: on 3 de dezembro de 2010 at 18:04  Deixe um comentário