Ah, desgraça que me corrói os ossos!
Quero sabendo que desejar me mal faz.
De onde vens infeliz?
Deixa-me só com minhas lembranças.
Quero ainda tê-las, vivas
no passado que gosto de viver.
Nada mudarás em minha alma, tua força em nada se compara
com aquela que me fez assim pensar.
Teus conselhos não são sadios.
No máximo trarão frio,
para o qual há muito está congelado.
Essa chaga em que tocas, é demais delicada.
Profunda e coberta no alto,
para permitir que não seja mais tocada.
És então além de tudo atrevida,
metida a ensinar-me o que já sei.
Nesta arte fostes minha agiota,
tudo que me ensinastes pedes agora,
para cada grama de mim um pouco mais de tua dor.
Irei então calar-me,
dar-te-ei o silêncio que te é justo.
Daniel Cavalcanti
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